domingo, 11 de julho de 2010

CRÔNICAS DOS TRINTA

A fábula de um atalho



Andava por um caminho que, mesmo um pouco tortuoso e com alguns empecilhos, já me era conhecido. Pelo tédio que me tomou um dia, peguei um pequeno atalho, o qual havia visto e, que por falta de coragem não me atrevia a explorar.
Comecei a trilhá-lo bem devagar, temerosa! Afastava-me do meu tão conhecido caminho, daquele que apesar de não muito firme, havia me embalado em seus braços tão mornos e amorosos.
O atalho agora me atraíra, de repente, sem menos nem mais nada. Por que me atrevera ao primeiro passo? Sei que não devia, que nada encontraria ali; ou, quem sabe, talvez encontrasse, mas não correspondesse a mim?
À medida que caminhava o atalho me revelava uma tarde de verão afogueada! Sim, ele começou a cativar-me e arrisquei mais uns passos, sentindo a ansiedade tomar conta de mim. Senti aromas doces, silvestres e fui tentada a continuar. Só que o perigo se aproximava e disto eu tinha consciência, mas não desistia. Queria desvendá-lo ou desvendar a mim?
Procurava conhecê-lo profundamente e conquistá-lo. E, ao percorrê-lo, um verde claro me envolveu; as árvores de sua margem me arrebataram e mostraram a parte cândida deste atalho. Ele era versátil, capaz de surpreender-me totalmente e fazer-me querer segui-lo para sempre. Neste momento a ansiedade cresceu, assumindo a minha própria forma e parei! Olhei para mim, olhei para ele e, apesar de tanta coisa em comum, vi que este não era o meu caminho real: era apenas um atalho de sonhos que eu não deveria trilhar.
Voltei! Voltei com a sensação do não-conquistado, do inacabado. Lembrei-me do seu indecifrável final. Ou teria sido começo?

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